Neopentecostalismo: suas influentes raízes históricas

Com o advento do pentecostalismo no início do século XX e suas três ondas resultantes daí, o que era primariamente apenas um movimento conhecido como um novo mover do Espírito no mundo, veio se tornar uma avalanche de práticas estranhas às Escrituras e ímpar na História Eclesiástica. A divisão desse mover sectário em vários níveis e características muito diversificadas e exóticas possui, todavia, alguns elementos em comum que os identifica como um movimento desencadeado pelo mesmo gatilho: o Pentecostalismo. Embora existam diferenças mais objetivas entre o início do movimento e o que vemos nestes últimos dias, há certa semelhança entre o Pentecostalismo, o movimento da Renovação Carismática, Comunidades e o Neopentecostalismo, que serão resumidamente abordados a seguir.

Início do Movimento – Azusa Street

Foi onde teve início o movimento pentecostal com manifestações de dons como o falar em línguas e profecia, na cidade de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos (1906). Há declarações de que um grande mover do Espírito estava dando início a uma nova realidade espiritual da igreja, só experimentada na igreja primitiva relatada em Atos, a partir do dia de pentecostes (daí o nome). Desse mover, vieram as igrejas Congregação Cristã, Assembleia de Deus e Quadrangular.

Movimento Renovado

A partir de então, parte das igrejas históricas conhecidas até então e já estabelecidas no Brasil, também foram influenciadas e vieram a adotar os mesmo princípios. Entre as partes que se dividiram e aderiram à Renovação temos a Presbiteriana, Luterana, Metodista até mesmo a Católica, conhecidos como católicos carismáticos, Batista e Anglicana. Essas e outras cederam ao movimento reconhecendo sua “renovação” (daí o nome de algumas: Presbiteriana Renovada, por exemplo). Preservaram muito da primeira onda como cânticos agitados, dom de línguas estranhas, milagres, ênfase no sobrenatural, etc.

Movimento Comunidades

Houve uma divisão no movimento Pentecostal entre os anos 50 e 60. A Nova Vida (a precursora do Neopentecostalismo) foi a ponta de lança no que se refere às denominações neopentecostais que a sucederam, as quais deram uma ênfase ainda maior no sobrenatural e no power evangelismo, cruzadas, sinais, curas, exorcismos e milagres como o clímax da fé. Desse movimento provém as denominações O Brasil para Cristo e a Pentecostal Deus é Amor.

As Comunidades e outras denominações: Fonte da Vida, Luz para os Povos, Sara Nossa Terra, Renascer, Internacional da Graça, Paz e Vida, Bola de Neve Church, Restauração, o Movimento G-12 e em células, daí surgidas, delineavam a segunda divisão com a transformação do Pentecostalismo em Neopentecostalismo. Estas tiveram seu desenvolvimento no final dos anos 70, 80 e início dos anos 90.

Neopentecostalismo

Com essas denominações evangélicas, a vida cristã se resumiu a experiências mais intensas com milagres e manifestações do espírito (e, não E) por vezes bizarras, chamadas de “unção” (ex.: unção do riso). O movimento de crescimento de igrejas foi um dos grandes responsáveis por muitas práticas inseridas que passaram a diferir da simplicidade com que o pentecostalismo teve início. O batismo com o Espírito Santo como uma segunda bênção é uma meta a ser atingida por todo evangélico verdadeiro. O sinal de que alguém fora realmente batizado pelo Espírito seria o falar em línguas.

Além disso, o movimento ganhou um status de negócio, e a igreja se tornou uma espécie de empresa. Muitas estratégias de marketing e métodos para a promoção da fé neopentecostal ganharam destaque nas mídias. O tele evangelismo e os programas nas rádios são exemplos. No Brasil, as igrejas IURD, Mundial, Internacional da Graça, Paz e Vida, Renascer em Cristo e Sara Nossa Terra são as mais conhecidas como Neopentecostais – surgidas no fim dos anos 80 e início dos anos 90 – com uma aparente espiritualidade, extravagante, baseada no animismo (tudo é espiritual), indulgências, misticismo e outros ismos. A ênfase recaiu demasiadamente sobre experiências subjetivas incomuns (o cair), curas, conversas com demônios, objetos consagrados ou ungidos, outros que aparecem misteriosamente, o poder da declaração, confissão positiva, etc. A figura do pastor ganha proeminência só ficando atrás dos bispos, apóstolos e paipóstolos (pai dos apóstolos), e a necessidade de revestir o crente de uma invencibilidade diante de demônios, enfermidades, pobreza e adversidades naturais da vida.

Símbolo de fé

Justamente pelo realce exacerbado em visões, sonhos, profecias e de uma suposta relação mais poderosa com o Espírito como essência de vida cristã para esse movimento, muitas denominações não possuem sequer uma declaração de fé baseada nas Escrituras. A Bíblia é suplantada pelas experiências pessoais. Há uma certa oposição ao intelectualismo em virtude de que “a letra mata”, daí uma grande ênfase em experiências místicas confusas alegadas como do Espírito sobrepondo a “letra”. O movimento de guerra espiritual, demônios territoriais, teologia da prosperidade e promessas de uma vida vitoriosa que configuram o reino de Deus na terra tomando espaço, teve seu lugar de destaque também.

Conclusão

Embora o movimento Pentecostal tenha iniciado de uma maneira um tanto quanto equilibrada, apesar de grande ênfase no sobrenatural, os inúmeros abusos cometidos pelo Neopentecostalismo vieram se mostrar como danosos e contrários à fé demonstrada nas Escrituras. Em muitos casos corrompe a consciência das pessoas, e até mesmo as vidas de muitas delas, como no caso das crianças bruxas da Nigéria. Também se posiciona numa dimensão totalmente contrária à Palavra de Deus com relação a uma vida moderada, pacífica, honesta, digna de seguidores de Cristo. Suas raízes podem ter sido autênticas, porém o que vemos atualmente caracteriza-se como uma confusão organizada por muitos líderes, outros apenas desorientados mesmo. Assim, seja como for, nos fala muito no sentido de que uma antítese nos está sendo proposta para que, com a verdadeira sabedoria do Espírito fundamentada nas Sagradas Escrituras e na vida cristã segundo o verdadeiro Evangelho de Jesus, apresentemos nossa síntese como cristãos que professam a fé reformada.

Deixe um comentário

Site desenvolvido com WordPress.com.

Acima ↑